Nathália Carmem
Ontem tive um sonho, ou melhor, um pesadelo que, por sinal, acho que durou a noite inteira. Sei que isso é loucura, mas realmente não parecia um sonho. Não sei se isso já aconteceu com você, mas parecia que eu estava tentando acordar e não conseguia, ou alguém não deixava. Realmente não sei. O que é mais estranho é que me lembro de ter acordado umas duas vezes durante a noite e, depois, quando eu voltava a dormir, o mesmo sonho continuava de onde tinha parado. Eu juro que ontem foi uma das piores noites da minha vida. Impressionante como o meu quarto e a minha cama, que são coisas que adoro, se tornaram lugares assustadores pra mim.
Quem me conhece sabe que eu tenho pânico de escuro, não durmo de luz apagada nunca, de jeito nenhum, nem que me paguem. Mas é claro que o meu pai, que faz o favor de achar que o meu medo é “frescura”, sempre apaga a luz depois que eu já estou dormindo. Pois pra você ver: ontem, eu estava com tanto medo, mas com tanto medo, que nem me mexer eu conseguia, nem pra acender a luz. Eu podia jurar que tinha alguém no quarto.
Deixe-me contar o sonho, afinal.
Estávamos, minha família inteira e eu, em casa. De repente, meu namorado e meu pai (os únicos que ainda não haviam chegado), aparecem completamente ensangüentados, feridos, surrados. Sabe quando a pessoa apanha tanto que mal consegue andar? Pois então. É lógico que ficamos muito assustados, e perguntamos o que havia acontecido. Eles disseram que ladrões haviam invadido o prédio, e que estavam matando todos os moradores, e roubando as casas, enfim, uma tragédia. Eu fiquei com tanta raiva do que fizeram com eles, que peguei uma arma (hahahahaha) e saí numa busca por vingança! (Atitudes assim me fazem ter certeza de que realmente foi um sonho) Logo que saí pela porta, uma mulher apontou uma arma pra mim, dizendo para eu entrar em casa. Eu, muito corajosa, é claro, não entrei. Enfrentei a mulher e tudo o mais... Ela disse que ia atirar em mim e mesmo assim eu saí correndo pela escada... (sou muito hábil e rápida com degraus) Aliás, trocamos tiros, sabe? Igual como fazem nos filmes...
Acontece que o prédio estava completamente tomado, e eu vi que não tinha chance. Adivinhe o que eu fiz: SIMULEI MINHA MORTE. Eu seeeei, esse sonho parece uma piada. Mas eu juro, juro, juro que ele não foi nem um pouco engraçado. Logo depois disso, nem sei se “meu plano genial” deu certo. Não sei como ficou minha família, nem meu pai, nem meu namorado. O que eu sei é que eu (ou o meu espírito, porque eu não sei se morri no sonho ou não) alcancei a mulher que me perseguia, e puxei o cabelo dela. E o que foi mais chocante em tudo, é que o cabelo não era dela. Ela usava uma máscara, por isso eu não a conhecia. Mas quando eu puxei o cabelo, a máscara caiu. E eu a reconheci. Lembro da expressão dela até agora.
É, eu preciso rezar mais antes de dormir.