Nathália Carmem

Quando eu vi as chamadas da Minissérie “Maysa – Quando Fala o Coração”, fiquei encucada. Ou essa mulher era só mais um produto da mídia, só mais uma personagem atirada em cima de nós sem a menor utilidade, com a desculpa de uma homenagem a uma cantora de quinta (sim, eu pensei que essa tal de Maysa não tinha assim tanto talento, tanta história), ou eu era uma completa alienada que não tinha a menor idéia do tamanho da importância dessa mulher. Só não fiquei mais aborrecida comigo pela minha ignorância porque afinal de contas eu só tenho 19 anos, não conheci pessoalmente o trabalho de Maysa.
Você deve estar pensando que eu sou muito facilmente seduzida, conquistada. Pois eu até posso ser, mas não quando o torço o nariz logo no início, não quando eu faço o que fiz com a minissérie, rejeitei antes mesmo de ver. E o que aconteceu foi que, ontem, se não me engano no segundo capítulo, entrei na sala e minha irmã estava assistindo, e algo me chamou a atenção. A Maysa, aquela que eu achava que era uma cantora de quinta, cantava muito bem, e compunha músicas lindas. Mais do que isso, a Maysa que eu via na televisão era uma mulher extremamente impressionante. Tinha um sonho, e o colocou acima de tudo, até mesmo do próprio filho. Não vim aqui propagandear nada, até porque nem precisa, ninguém agüenta mais os comerciais por causa disso. Mas achei que fui injusta e até preconceituosa, e agora é como se eu estivesse pedindo desculpas. Também não estou aplaudindo Maysa por tudo o que ela fez, porque particularmente não a aprovo em muitas coisas, e também não sou tão ingênua a ponto de acreditar piamente em tudo o que se passa na série, mas virei fã dessa mulher tão transgressora, tão intensa, tão humana. Além, é claro de sua voz e seu talento ímpares, isso sem falar da interpretação. To LOUCA pra ver a cena em que ela canta “Ne me quitte pas”.
A história não poderia ser contada de melhor maneira que não a não-linear. Maysa não era certinha, normal, ordenada, e sim passional, impetuosa. E sabe de uma coisa? Maysa era diferente, muito diferente, porque era ela mesma numa época em que todos tinham que ser iguais, querer as mesmas coisas e sonhar do mesmo jeito. Pequeno, contido, acomodado.
“Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar
A sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol
Como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer
Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo
Iguais a você”
(Se todos fossem Iguais a Você)