Nathália Carmem


O mundo inteiro parece ter se encantado com este homem. O presidente eleito dos Estados Unidos parece ter conquistado não apenas a maioria do povo americano como a esperança de muitos de nós, adormecida e abalada já há algum tempo por George W. Bush. Há muito um homem não era tão falado como ele; e desde os atentados de 11 de setembro que não falávamos tanto nos Estados Unidos.
É claro que um país tão poderoso é sempre muito focado, seja no campo político ou no social, e está sempre no centro dos acontecimentos mais importantes do mundo, mas é diferente. Hoje, assim como em setembro de 2001, é como se o planeta estivesse se comovendo com os EUA, dando seu apoio. Hoje, fala-se dos Estados Unidos com uma dose de aprovação, como se o mundo estivesse dando “sim” a Barack Obama.
Com a arrebatadora campanha e, um pouco depois, com a vitória de Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, o planeta se mobiliza a favor deste homem que desde já parece estar mudando as coisas e que promete lutar em prol da restauração da imagem americana perante o mundo. É como se os americanos estivessem pedindo desculpas, e como se essas desculpas estivessem sendo aceitas. As várias comemorações (com fogos de artifícios e tudo mais) feitas em vários países, inclusive africanos, no dia da vitória de Obama, são prova disso.
Eu nunca entendi bem o por quê de tanto repúdio aos americanos e ao seu país. As pessoas confundem governantes e suas megalomanias com os povos e os países por eles representados. Como se todo americano fosse igual a George W. Bush. E, afinal de contas, se assim fosse, nós brasileiros, nos veríamos em péssimas condições. Nunca fomos exatamente um exemplo de povo que sabe escolher bem seus governantes. O que eu quero dizer é que, se os Estados Unidos invadiram o Iraque, torturaram prisioneiros de guerra, mataram Saddam Hussein, jogaram bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, entre outras coisas, a culpa não é do povo, e sim de homens extremamente gananciosos, inescrupulosos e poderosos; e que Bush é só mais um desses homens. Se Obama também é assim, só o tempo dirá. Mas, se assim for, a culpa é dele, e não dos americanos. Já pensou se pudéssemos ser culpados pelos atos daqueles que elegemos? Melhor nem pensar!
É isso que me deixa com medo: quando há muita expectativa, a frustração é quase que certa. O mundo parece se apaixonar por Obama, e esquecer que ele é humano, e pode fazer tudo diferente, mas também pode fazer tudo igual. Não que eu ache que ele seja isso ou aquilo, mas se ele puder corresponder a todas as nossas expectativas, será um milagre. Um milagre que nem Jesus Cristo conseguiu, diga-se de passagem.