Nathália Carmem

Parece que todo ser humano foi feito exatamente do mesmo jeito, com a mesma mania: a de achar que nunca está bom o suficiente, que nunca se é bom o suficiente. E não somos mesmo. Mas aí eu pergunto: o suficiente para quem? Sim, por que estamos constantemente nos definindo, uns para os outros; adoramos dizer: “eu sou assim, assado, etc.”. Amamos os rótulos. Mas você já reparou o quanto é difícil ser fiel a você mesmo? Afinal, quem é você?
E a resposta pra essa pergunta é a mais traidora de todas as respostas. Simplesmente, meu amigo, porque você não sabe. Eu posso dizer que sou baixa, branca, cabelos castanhos, magra, estudante, professora, amiga de muitos, um saco pra alguns, possivelmente, boa filha (eu acho!), ótima irmã (tenho certeza!), excelente namorada (haha), e por aí vai, mas uma hora vem o golpe. Porque você não é só você, propriamente dito. Você é aquilo que você pensa, aquilo que você quer, aquilo que você tem, aquilo que você sente... você é aquele sonho, aquele desejo, aquela saudade, aquele abraço, aquele riso, aquele choro, uma legião de “aqueles e aquilos”. E isso tudo muda, você conquista algumas coisas, abre mão de outras, e vai sendo e deixando de ser, ao mesmo tempo. Às vezes eu sinto como se me desenhasse e ao mesmo tempo eu me apagasse. Não gosto de renunciar a nada. Ainda não aprendi a desistir de nenhum sonho meu, a desistir de nada daquilo que me faz ser quem sou. Mas eu sei que faço isso, quem dera eu pudesse ter tudo e não me trair jamais! Afinal, o que é “tudo”? Será que o “tudo” é suficiente pra nos satisfazer? Como eu só posso falar por mim, tenho quase certeza que mesmo no dia em que eu tiver tudo o que eu sempre quis, ainda assim não será o suficiente. Pra quem? Pra mim mesma. A verdade é que o nada é pouco, e o tudo não basta.